Aquela tal de Primeira Emenda...
Aqui existem vários prêmios de "frase mais idiota do ano" ou "quanto posso pagar para colocar meu nome no jornal"...
1.) Paulo Sampaio, o jornalista que assina a idiota reportagem "Com neoclássicos em baixa,mercado de alto padrão inventa os‘contemporâneos´" não é nem arquiteto, nem trabalha no meio. O que levanta uma velha questão do porque pessoas falam sobre assuntos dos quais não entendem. E pior, publicam-as em dos maiores jornais de São Paulo. Coitado, não vou tripudiar em cima do cara, que deve ter sido contratado para falar qualquer porcaria sobre a arquitetura paulistana, que diga-se também, também é uma grande porcaria. Para saber um pouco mais sobre as opiniões de paulo, acessem seu blog da Folha.
1a.) Apesar de falar que não iria repudiar o pobre jornalista, tenho que ressaltar a seguinte frase idiota: "O neoclássico ainda sofreu baques indiretos em sua imagem, como por exemplo a derrocadafinanceira do Banco Santos, cuja sede era um marco do estilo. "
2.) Meu-deus-do-céu, se as 3 imagens que ilustram a reportagem forem os ícones da arquitetura contemporânea de São Paulo, melhor ou mudar de cidade, ou de profissão.
3.) “O contemporâneo é uma tendência mundial” segundo Fábio Romano, diretor de Incorporações da construtora Yuny. Preciso dizer algo mais?
4.) Pablo Slemenson, repito, Pablo Slemenson ganhou coluna de destaque, e até autoria na ilustração que identifica um prédio com "estilo contemporâneo" (tão idiota quanto todo o resto da reportagem), enquanto a Zarvos apareceu no finalzinho, aos 45.
Conclusão: é revoltante um jornal do porte de um Estado de São Paulo publicar uma bestialidade dessa, tornando a população tão ignorante quanto a arquitetura que as rodeia.
Não entendeu NADA até agora? Então leia a reportagem abaixo:
Com neoclássicos em baixa, mercado de alto padrão inventa os‘contemporâneos’
Em vez de grandes pórticos e gradis de ferro, arquitetos hoje investem em fachadas com muito vidro, formas assimétricas e cores claras
Paulo Sampaio
Adeus, Petit Palais. A arquitetura neoclássica encontrada em prédios de bairros nobres de São Paulo, como Vila Nova Conceição e Jardins, na zona sul, está em baixa. Mas ninguém do alto padrão vai ficar sem teto. Os mesmos criadores dos projetos de “inspiração europeia” inventaramagoraoestilo“ contemporâneo”. Em vez da cor acinzentada da fachada, dos pórticos frondosos cheios de frisos e detalhes, do gradil de ferro nas sacadinhas, os novos castelos verticais têm aparência de museus de arte moderna, foguetes ou prédios “retrofitados” (recauchutados) de Londres e Nova York.
O arquiteto Itamar Berezin, conhecido por alguns dos mais emblemáticos projetos neoclássicos da cidade (ele prefere chamar de “neopós”), conta que a demanda pelo estilo em seu escritório “está quase zerada”.
“De cada 80 projetos que eu tenho hoje, no máximo dois são neopós. O que a gente tem feito agora é um contemporâneo de fachada mista,com uso de muito vidro, formas assimétricas e cores claras”, diz ele.
Conceito. O melhor exemplo da última safrade Berezin éoÇiragan, na Alameda Ministro Rocha Azevedo, em Cerqueira César, na zona sul. A estrutura encima da por uma espécie de bico de foguete abriga 32 apartamentos diferentes, com tamanhos que vãode50a220m²,e salas comerciais de luxo. O condomínio tem duas piscinas, sauna, ofurô, quiosque de massagem, lounge, espaço gourmet e sala de jogos. Diz Berezin que o prédio “tem vida”. “Existe ali uma dinâmica social intensa.”
Mercado. A corretora Lilian MarquesdaCosta,especializada em empreendimentos de luxo, explica que os apartamentos menores têm sido vendidos por cerca de R$ 350 mil. “O público de alto padrão está comprando produtos novos.” Segundo Fábio Romano, diretor de Incorporações da construtora Yuny, o conceito da“dinâmica social intensa” não era tão aceitável. “Em outros tempos, se você fizesse um apartamento de 180m² e um de 100m² no mesmo prédio, não vendia. Tinha de
ser em torres diferentes.” Segundo ele, “o contemporâneo é uma tendência mundial”. “O de São Paulo é inspirado em prédios retrofitadosda Europa e dos Estados Unidos. Lá, eles chamam alguns de‘
glasshouses’(casas de vidro).
Olhando para a fachada do prédio residencial, você pode ter a impressão de que é comercial. Há mistura de elementos como tijolo, cerâmica e ‘alucobond’ (espécie de alumínio platinado, como o que se vê no prédio da Marginal do Pinheiros conhecido como Robocop).”
Para vender o projeto futurista, providenciaram um estande à altura. O publicitário Bob Eugênio, especialista em mídia imobiliária, explica: “O ponto de venda deixou de ser rococó,com colunas gregas, chafarizes e pontezinhas. Temumna Mooca (zona leste) que parece o MAM. Anteontem, me encomendaram um em forma de cubo de vidro.”
Um dos motivos “sociológicos” que explicamo aparecimento de uma edificação “contemporânea”
em SãoPaulo é a popularização do neoclássico. Reproduzido à exaustão, até mesmo em outros Estados, o estilo deixou de ser exclusividade de um nicho de enriquecidos da capital. Era preciso surgir algo que fosse.
“A classe média achou interessante, as construtoras viram que era um bom negócio e houve uma superprodução de neoclássicos. Mas a coisa ficou deturpada: o cara pinta o prédio de bege, põe um gradil e chama de neoclássico. Tem muito genérico por aí”, diz o arquiteto Israel Rewin, que reivindica a paternidade do estilo.
O neoclássico ainda sofreu baques indiretos em sua imagem, como por exemplo a derrocada financeira do Banco Santos, cuja sede era um marco do estilo. Ao mesmo tempo, especialistas
afirmam que o público do alto padrão passou a conhecer arquitetura, ler sobre o assunto e agora quer fazer suas escolhas (em vez de ser escolhido).“Houve um momento em que o consumidor ia com a boiada. Hoje, as pessoas entendem cada vez maisdo que é tendência e sabem exatamente onde querem morar”, diz o arquiteto Pablo Slemenson, outro “pai” do neoclássico.
É dele a criação da emblemática dupla de edifícios com nome de vinho, o Chateau Margaux e o Lafite, localizados na Praça Pereira Coutinho, na Vila Nova Conceição. Entre os projetos mais recentes de Slemenson está o Les Paysages, que, por assim dizer, inaugurou o estilo contemporâneo
entre os neoclássicos da região da Rua Curitiba, no Ibirapuera. Olhando para a maquete (o prédio
ainda não subiu), tem-se a impressão de que se trata de um loft dúplex tipo“para executivos solteiros”, nos moldes do que se vem construindo nos Jardins e Itaim-Bibi. Mas os apartamentos
ali têm surpreendentes 320 m²(comvariações até450m²). A planta cheia decantos, ângulos e jardins faz a de um neoclássico parecer uma repartição pública.
Linha nova. No Marquise, à beira do Parque do Ibirapuera, Slemenson está ainda mais irreconhecível.
Nada de gradil, arcos, frisos. A fachada têm varandões envidraçados, com detalhes em andares salteados, e a mansarda virou cobertura. Ele explica. “O modelo de produção mudou. O prédio não é mais construído por um grupo de amigos que sabem o gosto um do outro, como um clube. A relação não é mais direto com o consumidor.”
Ok. Já que a mistura de elementos é o grande diferencial do contemporâneo, então basta inventar uma fachada bem inacreditável, ou com elementos de prédio comercial, certo? Errado, diz o empresário Otávio Zarvos, que só executa“arquitetura contemporânea de qualidade”. Seus prédios têm rampas, vãos, pilotis inclinados e a assinatura de grifes como a dos arquitetos Isay Weinfeld e AndradeMorettin.
Na sala do Aimberê, na rua de mesmo nome, noSumaré, o arquiteto Paulo Mencarini se delicia mostrando os detalhes de sua aquisição.Aolado de uma parede inclinada, ele explica. “Aqui nesse andar são dois apartamentos. No de cima, um. Lá embaixo (ele olha pela janela), tem os apartamentos-casa.”
Um dos “orgulhos” de Zarvos, o edifício Ourânia, abriga apartamentos de 124 m² e de 220 m². Cada uma das 15 unidades tem sua própria planta, 100% personalizável. O arquiteto explica que o tamanho do apartamento não tem nada a ver com o extrato social do comprador. “No mesmo prédio você tem a família, o separado, os recém-casados, o sozinho”,diz. Só muda a configuração familiar.
/ PAULOSAMPAIO