Elementar, meu caro.

Alejandro Aravena é, provavelmente, umas das maiores figuras de destaque da arquitetura chilena.
Vou ser sincera em admitir que conheci seu trabalho apenas esse ano, apesar de me alimentar diariamente de cerca de 18 feeds de arquitetura e design. A sensação que tenho as vezes é que, quanto mais leio, mais deixo coisas importantes passarem. É muita informação digerida, mas pouca absorvida.
Reflexões freudianas a parte, fiquei maravilhada com seu trabalho com arquitetura de interesse social. Já vi de perto alguma iniciativas que não deram tão certo quanto deveriam, apesar da boa intenção de se fazer arquitetura de qualidade para a baixa renda.
O projeto chama-se Elemental, e foi assumindo diversas formas através do tempo.


Percebemos que o tema moradia implicava a entrega de um lugar para que uma família não vivesse exposta a intempéries; a formalização da tendência de propriedade; a criação de uma maneira para financiar o acesso à moradia; e o desenvolvimento de um desenho que a tornasse melhor do que as não planejadas. Visualizamos a oportunidade de mudar a abordagem do problema, de criar um tipo de residência que, inserida na lógica da propriedade, fosse usada pela família como capital com valor crescente, integrada na rede econômica e social da cidade. Perguntamo-nos se era possível usar a casa como investimento mais do que como recurso social e acabamos por reformular a noção de qualidade. Ela seria, então, indicativa do aumento de valor da habitação ao longo do tempo. Passamos à identificação de um conjunto de condições de desenho que possibilitassem essa valorização, assim como dos mecanismos que permitissem a passagem dos subsídios públicos ao patrimônio das famílias mais pobres. Essa foi a sequência do nosso trabalho e da criação do Elemental.
 É uma pena que a arquitetura neste país não consiga alcançar uma fórmula tão simples, objetiva para um tema incansavelmente discutido.






Montaje Prototipo Trienal de Milan from elementalchile on Vimeo.


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